AS MUITAS CLARAS DE UM FRANCISCO PECADOR!

"Clara, ó Clara, me diga porquê! Que foi que Francisco falou pra você? Clara, ó Clara, eu quero entender/ Por que deste mundo te foste esconder?/ Tu tinhas dinheiro, vivias feliz... / Igual às meninas que havia em Assis/ Será que Francisco te enfeitiçou/ Que tão de repente o teu mundo mudou? /Eu tinha dinheiro, vivia feliz/ Igual às meninas que havia em Assis/ Mas foi Jesus Cristo quem me cativou/ Francisco somente o caminho mostrou./ Eras bonita, de classe maior/ Teu pai era nobre, patrão e senhor/ Será que esta vida não era viver/ Que tão de repente te foste esconder?/ Clara, ó Clara.../ Eu era bonita, de classe maior/ Mas eu tinha sonhos de algo melhor/ Será que esta vida é viver e morrer?/ Um dia eu parti... fui viver!/ Deixaste o dinheiro, tranqüila e feliz/ E foste viver num mosteiro de Assis/ Será que perdeste a razão de viver? Tão jovem! Tão bela!/ Não dá pra entender... Deixei o dinheiro, tranqüila e feliz/ E fui me trancar num mosteiro de Assis/ Deixei o que eu tinha, passei a viver/ Que a vida é bem mais que a mania de ter!/ Clara ,ó Clara, já posso entender/ Porque deste mundo te foste esconder..." (“CANTIGA POR IRMÃ CLARA”, Padre Zezinho, scj)

Mais uma vez, a olhar do cume da montanha dos meus defeitos pessoais, posso afirmar que ao menos um pecado não cometi em minha vida: o de ignorar o chamado de Deus. Ainda muito jovem, senti-me convocado a trabalhar na vinha do Senhor... Pensei que Ele queria que eu fosse padre, mas Ele queria muito mais... Eu, por muitas vezes, durante Missas, me perdia a olhar para o grande crucifixo de minha paróquia... Em certas ocasiões, até o sermão do Sacerdote passou-me em branco... Sentia-me desafiado pelo Crucificado que ali estava. Ele se apresentava seminu, coroado por espinhos, pobre e marginalizado, além, é claro, de traído por um dos seus. Entendi que Deus queria mais do que um púlpito dominical para este pobre pecador... Ele me fez entender que ser cristão, é ser uma imitação de Cristo! É segui-lo para onde quer que Ele vá... ainda que seja para, numa santa imitação de vida, abraçar uma cruz também! Com 16 anos de idade, fiz minha primeira palestra em uma faculdade... (Faculdade de Engenharia de Sorocaba) e o tema era: “Cristianismo Autêntico”. Me lembro que ataquei severamente a conduta de nosso “religiosismo”, chamando-o de traição a Jesus. Eu preguei, naquele dia, que dizer que “tudo o que Cristo queria de nós era apenas uma religião de Cultos ou Missas dominicais”, seria uma nova crucificação... Estaríamos matando de novo o Filho de Deus! Hoje, fico abismado de olhar pra fatos como estes em minha caminhada e me maravilho de perceber a condução de minha vida pelas mãos do Senhor! Sempre houve quem tentasse impedir-me... Sofro ameaças desde os 15 anos de idade!! Pasmem! Mas, também, sempre tive em mente que, se sou perseguido, é porque meu Mestre também assim o foi... e, não é o servo maior do que o seu Senhor! Se num mundo mau eu fosse totalmente aceito e aplaudido, até eu desconfiaria da minha inspiração... Senhor, seu Reino não é deste mundo, e como sou todo teu, sei que chegará o momento de entrar em minha verdadeira casa, triunfante, neste teu Reino, que por filiação é também meu...!!! E nesta caminhada de volta à Pátria Celeste, que eu consiga, pela vocação que me deste, despertar muito mais “Claras” e “Fransciscos” para sua Messe! Perdoando para ser perdoado...

Almir Levy

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ON THE ROAD AGAIN