Natais felizes, de tantas recordações! O tempo passa e não
nos damos conta... A não ser quando, em datas festivas, paramos pra pensar no
assunto. Talvez porque alguém nos faça falta... e as lembranças “apertem” um
pouco nosso coração. Natal é a data simbólica em que comemoramos o nascimento
de Jesus. Data esvaziada pelo comércio intenso. Data sem sentido a quem não
crê, ou nem pensa no assunto. Data em que muitos sentem-se melancólicos por
seus diversos problemas de família, ou pela solidão que lhes assola... Solidão,
por sinal, cada vez mais inerente ao ser humano. Mais um Natal e nossa vida vai
passando. Pessoas e situações vem e vão... Nascemos em cada descoberta, na
manjedoura da imperfeição humana e seguimos o ritmo da tola dança da vida neste
mundo.
Hipnotizados pela rotina, esquecemos que tudo encontrará seu “termo”,
seu fim e quando este chegar, talvez nossos últimos segundos pensantes, sejam
de uma agonia extrema e, baseados em nossa vazia experiência humana,
sintamo-nos no momento final como que arremessados de uma imensa altura, num
abismo sem fim e sem ter onde nos segurar...
Somos os pobres filhos dos homens que renegaram a Deus no
princípio de todas as coisas e que agora endossam essa burrice sem tamanho.
Somos os tolos que crêem apenas no que a pobre visão carnal
alcança, no que muito me admira que não creiamos ainda que a Terra é o centro
do universo e que não seja redonda. Fome, sede, pensamento, sentimento, amor...
Nada disso existe. Porque não os vemos, só sentimos...logo, não existem. Não
vimos os Cesares romanos, então, claro que eles não existiram, porque, embora
haja ciência sobre isso e a existência do Império Romano tenha sido um fenômeno
que mudou o mundo...NÓS NÃO VIMOS NADA DISSO! Então, não existiu... Sendo assim,
claro que não podemos crer num Jesus, sobre quem existe mais ciência e
arqueologia do que todos esses Imperadores de Roma. Nossos absurdos!
Somos os bárbaros que matam os próprios semelhantes de fome.
Somos os idiotas que segregam por conta da cor da pele. Somos gananciosos
malditos e vivemos por dinheiro e poder. Somos assassinos e ladrões! Animais,
infelizmente dotados de inteligência.
Somos também pessoas frágeis, carentes, vulneráveis. Somos
medrosos, de escudos erguidos. Somos perdidos no meio do caminho!
Na contrapartida da história, somos excepcionais! Capazes
dos mais lindos atos de caridade...
Somos Francisco de Assis e Teresa de
Calcutá. Somos Dom Bosco que caminha entre os jovens, somos Maximiliano Kolbe
em algum campo de concentração, onde alguns são Hitler. Somos pensadores, como
João da Cruz e Agostinho.
Somos Bakhita e Rita de Cássia. Somos puros, como Clara de
Assis e Domingos Sávio. Somos contidos e dóceis, como Francisco de Sales. Somos
visionários e empreendedores, como Paulo de Tarso.
Somos a maldita raça humana, traidora de Deus e amada por
Ele! Somos essa mescla de bondade e maldade...
Somos Jesus, maltratado e sacrificado pelos seus! Somos
Jesus, Deus humilhado para salvar-nos... Isso, porque naquela cruz Ele nos
representou. Lá estávamos. Cada um de nós, com nossos pecados ainda nem
cometidos, mas previstos. Somos Jesus, porque Ele quis ser cada um de nós! E,
se somos Jesus, nada está perdido ainda! Somos o que há de melhor... Então, a
festa é mesmo a do nosso nascimento!
Feliz aniversário, Senhor! Obrigado por lembrar-se do que
fomos, perdoar-nos pelo que somos e por acreditar no que podemos ser...
Almir Levy