Há coisas que roubam o sorriso...
Há coisas que apagam o brilho do olhar...
Dores, tristezas, decepções, traições, amarguras, perdas
das mais diversas... Coisas que tiram a paz.
De uma hora pra outra, somos arremessados de nossa
segurança, aos braços da angústia!
Impiedosa, a "vida cruel" ameaça nossos sonhos e tira todo
sabor que, outrora, sentíamos...
O vão prazer é usurpado pela ferocidade do mal que,
descontrolado, tenta massacrar-nos sem cessar... Instante após instante!
Há coisas que roubam o sorriso...
Há coisas que apagam o brilho do olhar...
Tolos, tentamos deletar o que nos oprime, trocando
pessoas, substituindo situações, rendendo valores, vendendo a alma! Nisso,
apenas sujamo-nos mais ainda daquilo que gera todo dissabor.
Filhos da ignorância, arrogamo-nos do que não podemos
cumprir... Somos totalmente incompetentes na tal “busca da felicidade”. Somos
cães, tentando farejar a paz!
Há coisas que roubam o sorriso...
Há coisas que apagam o brilho do olhar...
Farsantes, usamos de parcas filosofias para justificar
nosso desmedido “amor” pelo próprio bem-estar. Se, para amar alguém, precisamos
amar-nos primeiro, então, pobre de quem receber o nosso amor, porque não será
total, mas, dividido... Dividido com a mediocridade!
Há coisas que roubam o sorriso...
Há coisas que apagam o brilho do olhar...
O bom de tudo isso é que, facilmente, até o mais infame
dentre os “vazios” percebe que sem sentido na vida, não pode ser feliz.
Esse senso, essa rota dirigida ao Eterno, coloca todo
sofrimento em perspectiva.
De repente, ao lembrar de certos valores, ao perceber a
importância das coisas e, principalmente, ao sentirmo-nos inseridos num
contexto maior, conseguindo crucificar nossas mãos e pés, como e junto às mãos
e pés crucificados de quem resgatou-nos do horizonte do limite,
presenteando-nos com o infinito de seu amor, tudo parece voltar aos trilhos! A
consciência reluz, fazendo os olhos brilharem! O ânimo retorna!
Há coisas que roubam o sorriso...
Mas, não o meu!
Almir Levy